quinta-feira, 25 de março de 2010

Sôbre a morte de Aimé Bonpland

Ironicamente, o nosso protagonista confrontou-se com situações adversas até mesmo no dia de sua morte. O governador de Corrientes, Juan Pujol, decidiu embalsamar o corpo do amigo francês para levá-lo e mantêlo na capital da província. Quando a operação ia acontecer, um gaúcho ébrio entrou na sala e cumprimentou o botânico. Ao não obter resposta se irritou e passou a esfaquear os restos do sábio, o que veio a impossibilitar o embalsamamento do corpo. Por esta razão, Aimé Bonpland foi sepultado no cemitério de Paso de los Libres, perto de sua fazenda, onde ainda se encontram seus restos.

Leia sôbre a vida de Aimé Bonpland em:
http://www.periodicos.ufgd.edu.br/index.php/FRONTEIRAS/article/view/145/138

sexta-feira, 19 de março de 2010

Cônego João Pedro Gay - Vigário e Homeopata de São Borja

O Cônego João Pedro Gay nasceu na cidade de Grenoble, na França em 20 de novembro de 1815.Terminou o curso de Ciências Eclesiásticas no Seminário de Gap e foi ordenado presbítero em julho de 1840, na diocese de Gap e depois foi nomeado Vigário.Obteve licença para vir ao Brasil, e no Rio de Janeiro, exerceu suas funções sacerdotais, o magistério particular e dedicou-se ao estudo da medicina no Instituto Homeopático do Brasil, que lhe conferiu a “faculdade de exercer livremente a medicina de Hahnemann no país.”Seguiu para o Rio Grande do Sul e a 24 de fevereiro de 1850 foi empossado em São Borja, como vigário.Aproveitando seus conhecimentos de medicina e visando benefícios para a população pobre de sua paróquia, solicitou e obteve permissão do governo provincial para a abertura “ de um laboratório homeopático”.No decênio de 1850 conviveu em São Borja, com o sábio botânico francês Aimé Bompland que aí há muito, havia fixado residência.Aimé Bompland era formado em medicina e na velha cidade missioneira abrira uma farmácia e clinicava.Em 1862 apresentou o Cônego Gay ao Instituto Histórico Geográfico Brasileiro a “História da República Jesuítica do Paraguai”, que lhe valeu a eleição para sócio dessa benemérita instituição cultural.Foi testemunha da invasão paraguaia de 1865. É, pois, de alto valor o seu depoimento relato fiel e minucioso dos acontecimentos da dita invasão. Permaneceu em São Borja, durante 24 anos, indo depois para Uruguaiana, onde veio a falecer em 10 de maio de 1891.
Deixou o Cônego Gay os seguintes estudos, além de grande número de artigos em jornais e mais de duzentos sermões:
* Itinerário resumido da viagem que acaba de fazer embarcado no rio Uruguai, desde a foz que nele faz o rio Passo Fundo até o Passo de São Borja, o sr. Joaquim Antônio de Morais Dutra, navegando 150 léguas no mesmo Uruguai, navegação em metade desconhecida até agora. Publicado na Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, tomo 21.
* Tratado de Teologia Moral.Os originais foram entregues em 1862, ao bispo do Rio de Janeiro, Conde de Irajá.
* História da República Jesuítica do Paraguai, desde o descobrimento do Rio da Prata até nossos dias, ano de 1861. Essa obra foi entregue pelo autor, em 1862 ao IHGB e publicada também na Revista do IHGB .tomo 26. Foi feita uma seperata.Em 1942 foi feita por ordem do Dr. Getúlio Vargas a Segunda edição portuguesa pelo historiador Dr. Rodolfo Garcia diretor da Biblioteca Nacional.
*Invasão Paraguaia na Fronteira Brasileira do Uruguai, desde seu princípio até o fim (de 10 de junho a 18 de setembro de 1865). Publicada primeiramente no Jornal do Comercio do Rio de Janeiro e depois pela Tipografia Imperial Constitucional, de J. Villeneuve & Cia. , 1867 Rio de Janeiro.
*Nouvelle Grammaire de la Langue Guarany et Tupy. Manuscrito original de 155págs.
*Manuel de conversation en français, portugais, espagnol et guarany. Manuscrito Original, 200 págs.
*Notice sur les derniers annés de la vie du naturaliste Mr. Aimé Bompland, sur as mort, et son heritage scientifique. Rio de Janeiro, 1861.
* Compêndio de História Natural. (Cit. De Sacramento Blacke.)
* Petit Vocabulaire de la langue des Bougres Couronnés ( Manuscrito original no IHGB)Além dos trabalhos citados, tinha o vigário de São Borja outros em conclusão que o vandalismo dos invasores inutilizou juntamente com a sua preciosa biblioteca, uma coleção de pedras e produtos esquisitos da natureza, alguns dos quais estiveram na Exposição Nacional do Rio de Janeiro em 1861 e um pequeno herbário de plantas das Missões que o vigário vinha formando desde 1862.
Referência:GAY, Conego João Pedro, Invasão Paraguaia 1980 Instituto Estadual do Livro UCS.

Biblioteca do Estado do Rio Grande do Sul.

AIMÉ BONPLAND - Um naturalista francês em São Borja

Um fato pouco conhecido, na história de São Borja, é que nesta cidade viveu o francês Aimé Bonpland um dos mais importantes naturalistas do passado. Bonpland. nasceu em La Rochelle (França) nem 29 de agosto de 1773. Cursou medicina na Universidade de Paris, embora a sua paixão fosse a botânica, disciplina que cursou no Jardim Botânico de Paris. Nesse Período conheceu o alemão Alexander Von Humboldt, jovem este que mais tarde viria a construir uma enorme obra científica, Bonpland ensinou a Humboldt botânica, zoologia e anatomia e este ensinou a Bonpland física terrestre, astronomia e meteorologia.
Em 1799, viajaram juntos durante cinco anos pela Espanha, Venezuela, Colômbia, Equador, Peru, Cuba, México e Estados Unidos desta viajem resultou uma enorme obra que consagrou mundialmente os dois cientistas, entre vários empreendimentos Bonpland dedicou-se, nesta expedição a botânica reunindo um herbário (coleção de espécies vegetais) com sessenta mil espécies. Bonpland regressou a França onde ocupou o cargo de encarregado do Jardim Botânico de D. Josefina esposa de Napoleão I.
Em 1814 Bonpland decidiu voltar para a América do sul a convite de Simon Bolívar para radicar-se na Venezuela, tendo mais tarde residido em Buenos Aires a convite de Bernardino Rivadavia, Sarratea e Belgrano que o tinham conhecido em Londres.. Bonpland chegou em Buenos Aires em 1817 acompanhado pela sua mulher, dois jardineiros, grande quantidade de sementes e duas mil plantas (medicinais, frutíferas e hortaliças).
Tinha o projeto de fundar o Jardim Botânico, como o ponto de partida para o Museu de Historia Natural Nacional, as dificuldades que haviam na época devido à situação de guerra demoraram a concretização do projeto. Em Buenos Aires praticou a medicina e colaborava com os Jornais locais como consultor sobre assuntos ligados a ciências naturais. Em 1820 decidiu fazer uma viagem ao Paraguai e a província de Missiones, a partir desse período estabeleceu a sua base em Corrientes, a partir dessa localidade fez várias expedições não só para coleta de plantas mas também com a idéia de formar uma colônia agrícola para a exploração de erva-mate, num sistema metódico de cultivo.
Na sua fazenda Santa Ana (Corrientes) desenvolveu o projeto do cultivo sistemático de erva-mate, este trabalho foi interrompido devido ao ataque sofrido. A propriedade foi invadida por um exército de 400 homens a mando do ditador Paraguaio José G. Rodriguez, que o considerava um espião perigoso aos negócios do Paraguai. A plantação foi destruída e Bonpland levado como prisioneiro para o Paraguai, apesar dos protestos mundiais ficou preso por nove anos, durante esse período exerceu a medicina e se ocupou da agricultura. Após ser liberto decidiu viver em Missões.
Em 1831 estabeleceu-se em São Borja, na sua chácara, nesta cidade, produzia vegetais aromáticos, medicinais fazia experiência com erva-mate e criava ovelhas da raça merina, permanecendo entre nós por 21 anos, incluindo o período da revolução Farroupilha. Era chamado, pela população local, de Dom Amado, constitui aqui nova família, sobre São Borja escreveu na sua correspondência “os habitantes se mostram doces,afáveis e cheios de atenção” as dificuldades do período da revolução prejudicaram as suas incursões científicas pelas Missões, embora ele tenha continuado as suas atividades, como por exemplo o intercâmbio com o fazendeiro serrano Pedro Chaves, a quem vendia ovelhas. No primeiro negócio o próprio Bonpland foi na tropeada conduzindo, com seus tropeiros, 400 ovelhas por um percurso de 73 léguas ao longo de 25 dias.
Ao tropear ia fazendo observações, numa dessas ocasiões descobriu uma nova euforbiácea denominada pau-de-leite que produz uma borracha branca, espessa, e cinco diferentes espécies de erva-mate, variações já conhecidas pelos índios da região.
Em 1854, foi nomeado diretor do Museu de La Província e a França o nomeou membro da academia de Ciências, uma instituição científica alemã denominou a sua revista Bonplandia. Apesar de sua idade avançada continuava com as expedições. Morreu na fazenda de Santa Ana (Corrientes) em 11 de maio de 1858 aos 85 anos. O arquivo de Bonpland ficou depositado na Faculdade de Ciências medicas em Buenos

EM BUSCA DE AIME BOMPLAND  (saiba mais sôbre a história desse naturalista francês)
http://www.periodicos.ufgd.edu.br/index.php/FRONTEIRAS/article/view/145/138