quinta-feira, 15 de julho de 2010

Para a querida tia Marieta


Para a querida tia Marieta

Dia 6 de julho de 2010 recebi a notícia da morte de minha tia Marieta Loureiro Resscha que aos 90 anos deixou este mundo.
A primeira emoção que tive foi de tristeza diante da perda de uma pessoa tão querida, palavra que ela mesma usava com freqüência referindo-se às pessoas. “Minha querida”era a expressão mais característica usada pela tia Marieta. E quando queria mudar de assunto era “trocar de saco para mala”.
E assim através dessas lembranças, posso trazê-la de volta ao meu imaginário e talvez seja essa a imortalidade de que podemos gozar. E assim através de lembranças tento imaginá-la vivendo em Ribeirão Preto para onde foi após casar com um homem que conheceu por correspondência, não pela internet como hoje.Isso foi lá pela década de 50. Corajosa a tia Marieta! E resignada também diante da dor da perda de seus únicos filhos Carlos Alberto e César Augusto. Ela dizia viver superficialmente após a perda dos filhos. Como é que se vive superficialmente? Será uma maneira de não se aprofundar e assim evitar a dor? Será que isso é possível em se tratando de seres humanos? A tia Marieta gostava de música e me disse que se não fosse pela música, não teria graça viver. Ela gostava da rádio Caiçara. Ligava o rádio e passava o dia ouvindo música. Talvez fosse uma maneira de viver superficialmente...
 Não vou mais encontrá-la nas ruas de Porto Alegre e a cidade com certeza vai ficar mais triste sem ela, assim como a praça da Alfândega sempre vai me trazer saudades de meu querido pai Romeu Goulart Loureiro que era o irmão preferido da tia Marieta.
O sonho dela era que seus dois filhos a tomassem pela mão, um de cada lado quando ela fosse para o etéreo. Que seu sonho se realize para a reparação de tantos anos de falta.
Assim a tristeza pela perda da querida tia dará lugar a alegria pela realização de seu desejo.
Glaci Mousquer Loureiro
Porto Alegre, julho de 2010