segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Saint Hilaire em São Borja - Moarci Matheus Sempé



...Refere também, o fato de que as ruas de São Borja eram continuadas por aléias de laranjeiras, o que foi ampliado mais tarde por Bompland, justificando não só o apelido de papa laranja que foi aplicado aos são borjenses como também o belo apodo que lhe deu seu poeta Vargas Neto ao chamar a cidade de  "Noiva do Rio Uruguai", devido ao perfume das flores de laranjeira referido por tantos outros visitantes.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

O Forte de Santa Tereza no Uruguai - História Lusitana

Clique na foto e saiba a história desse forte.
Fotos de Andrei Lima

Newton Herculano Carneiro Pinto disse
Parada obrigatória por todos que seguem a Punta del Leste e Montevidéo de carro.Passo por aí umas 4 ou 5 vezes ao ano, e fico seguramente uma hora a cada vez que passo pelo forte. Sua história e bonita e real, recentemente foi realizado um encontro neste forte , em homenagem a sua história e  seu significado. Meu avô, o Gen . Antonio Carneiro Pinto foi homenageado pela Universidade Federal de Santa Catarina passando a ser um personagem histórico no projeto Fortalezas e Fortes no mundo. Este projeto é identificado como Projeto Fortalexas e administrado pelo Arquiteto Roberto Tonera , com quem tive oportunidade de manter contato,por ocasião da homenagem ao meu avô, por ter sido ele comandante nos fortes Marechal Luz em Sao Francisco do Sul SC, Forte Marechal Hermes no RJ, Forte Coimbra e Forte Santa Tereza. O site sôbre esses fortes está disponível, e é possível ser acessado via Google, digitando Projeto Fortalezas, clicar em personagens e la você encontrara a biografia de meu avo Gen. Antonio Carneiro Pinto e outros homenageados. Sou de Porto Alegre-RS Parabéns pelo artigo sôbre este Forte magnifico .

Newton Herculano Carneiro Pinto
(Obrigada Newton pelo seu comentário. Achei interessante e incorporei na postagem.)
O site onde está a biografia do seu avô é:
http://fortalezasmultimidia.com.br/fortalezas/index.php?ct=personagem&id_pessoa=1601

terça-feira, 13 de outubro de 2009

A visita de D. Pedro II a São Borja e Itaqui após a invasão paraguaia de 1865


As 19 horas do dia 25 de Setembro de 1865 o "Onze de junho" lança âncora no porto de Itaqui. Apenas o padre Coriolano desembarcou a fim de contatar com as autoridades locais para providenciar a recepção ao imperador.
Na manhã seguinte chovia muito, o que não impediu que o imperador e sua comitiva desembarcassem para uma primeira visita à Vila. Apenas o Marquês de Caxias permaneceu a bordo, tendo em vista estar acometido de forte gripe. Estranhável, entretanto, o fato de ter recebido a comitiva Imperial apenas o Dr. Cunha Lima, juiz municipal.O presidente da Camara e chefe do governo era o Dr. Egidio Barbosa Itaqui, havendo também os conselheiros. O nome de nenhum deles apareceu na comissão de recepção a D. Pedro II.
A comitiva imperial após deixar o porto tomou a rua principal, caminhando alguns metros dobrou a direita, seguindo pela rua paralela ao Rio Uruguai, até o local onde existia uma pedreira, apreciando alí a extração de algumas pedras para contrução de casas e calçadas. Dessa localidade, os visitantes seguiram até o cemitério novo, deixando a Vila á esquerda. Por outro caminho, seguiram até o cemitério velho, onde SM se deteve, fazendo uma oração no túmulo do Cel.Manoel dos Santos Loureiro. Dali retornou á rua principal atravessando a Vila de ponta a ponta. Poucas pessoas encontravam-se nas ruas e casas. Alguns estrangeiros, na maioria homens. D. Pedro II conversou com quase todos, fazendo perguntas sobre o tratamento dispensado pelos paraguaios, observou os estragos nas residências, grande parte delas sem portas e janelas.
Visitou também o edificio que servia de cadeia e que abrigava um pequeno contingente militar sob ás ordens de um oficial, irmão do Ten. Cel. José da Luz Cunha Júnior.
À tarde a comitiva voltou novamente á Vila, quando então, encerrou sua visita embarcando no navio, pernoitando ainda, no porto Local, para no dia seguinte seguir para a São Borja.

João Pedro Gay - A INVASÃO PARAGUAIA -

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009




Rios Tejo e D'Ouro - Portugal

Manoel dos Santos Loureiro - Cel - a traição do barão de Caxias


Quando em novembro de 1842, o Barão de Caxias assumiu o governo da provincia do Rio Grande, trazia uma dupla missão: a de pacificar o estado e a de reconstituir o partido conservador, que devia ser o esteio do trono. No desempenho desta missão, teve ele que estabelecer preferencias entre os chefes militares e politicos a serviço do império. Obedecendo a um tal critério, eivado de personalismos, ao organizar as forças de seu comando, o barão de Caxias preferiu Bento Manoel a Manoel Loureiro, dando àquele o comando da divisão de cavalaria que este chefiara. Loureiro chocou-se profundamente com este ato, que traduziu pelo desapreço dos serviços que prestara, e embainhando sua espada, retirou-se para o seu lar.
Bento Manoel fora sem convicções. No começo da luta, Loureiro servira com ele, assistindo pessoalmente sua primeira pública defecção ( Bento manoel passara para o lado dos revolucionários) da qual originou-se prevenção jamais extinta entre eles. Preferido por este chefe, que se fizera seu rival e tenaz perseguidor, Loureiro não achou em sua consciencia excusas para o ato do barão; mas dedicado ao império em extremo, conservou-se a ele fiel, apesar de inúmeras solicitações em contrário. De regresso a são Borja, esteve por transferir sua residencia para a república vizinha, porque seus bens tinham sido confiscados pelo governo republicano. Recebendo, porém, nessa ocasião, uma carta de Bento Gonçalves que lhe dava a segurança da devolução de seus bens e do respeito integral de sua pessoa, permaneceu tranquilo em sua rica estância, onde efetivamente nunca foi desacatado.( Homero Batista - Almanaque Literário- 1901, p.225 Arquivo Histórico do RS)

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Carta de Manoel dos Santos Loureiro à David Canabarro

Nesta carta, que ora transcrevo, fica claro, a fidelidade e o empenho do Cel. Loureiro em defender a monarquia e o império brasileiros sendo fácil entender a decepção do Cel. ao ser dispensado de servir à pátria pelo então barão de Caxias.

LOUREIRO, Manuel dos Santos
CV-5525 a CV-5563

CV-5525
Ilmo. Sr.
Acuso a recepção do ofício de V. Sa. datado de 3 do que rege, ao qual cumpre-me responder que me é bastante sensível o estado de desgraça a que está reduzida nossa pátria pelos desvarios de seus degenerados filhos. Eu não sou, como V. Sa. diz, o que obsto a sua pacificação, antes pelo contrário, faço todos os sacrifícios para consolidação do sistema monárquico, único capaz de nossa felicidade. Respeito a V. Sa. dizer que sirvo a um partido de galegos e se acaso eu não desviar-me da senda da honra e ligar-me a V.Sa. virá talar este departamento com as suas forças, respondo que o partido que defendo é o sistema monárquico e a integridade do império, sistema a que V. Sa. outrora desviado da carreira do crime prestou seus serviços; enquanto a v. Sa. evadir este departamento, a sorte das armas o decidirá. Finalmente concluo assegurando a V. Sa. que estou disposto a fazer todos os sacrifícios e exalarei o último alento da vida sustentando o trono da monarquia brasileira,[1v.] e que igualmente me consideraria o mais feliz dos homens se V. Sa. se despisse de paixões e de ilusões, abandonasse as fileiras desoladoras de nossa pátria e prestasse seus serviços ao governo imperial. Asseguro a V. Sa. minha estima e consideração.
Campo Volante, 10 de junho de 1837.
Ilmo. Sr. David Canabarro
Comandante da segunda brigada republicana.
(a) Manuel dos Santos Loureiro
Tenente-coronel comandante da segunda brigada imperial.
Anais do Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul vol.10, 1991 p.134.

Carta de Bento Gonçalves a Manoel dos Santos Loureiro


Transcrição da carta de Bento Gonçalves ao Coronel Manoel dos Santos Loureiro, que lhe dava a segurança da devolução de seus bens e do respeito integral de sua pessoa, carta tão honrosa para um como para outro dos dois ilustres chefes rio-grandenses e que dá a medida do critério e do espírito de concórdia do chefe republicano. Ei la:
" Bagé, 29 de abril de 1843 - Ilustre Sr. coronel Manoel dos Santos Loureiro.
Estou informado de que V. S., desgostoso por causa de intrigas promovidas no exército imperial pelo traidor*... trata de buscar um asilo do outro lado do rio Uruguai, e, como presentemente não pode haver segurança, pela guerra civil que assola as províncias argentinas, tomo a liberdade de convidar a V. S. para fixar domicilio neste departamento de Missões, onde pode contar, quando ocupado por forças republicanas, com a maior seguridade e respeito, e onde já lhe garanto, em nome deste governo, a restituição de todos os seus bens e propriedades, bem como a indenização de todos os seus prejuízos que lhe foram infringidos pela república. Bem que V. S. nos tenha feito guerra, foi sempre inimigo honrado; e, por isso, me é em extremo sensível que um patrício nosso, tal como V. S. queira abandonar a pátria para viver em país estranho. O império, agitado pelas intrigas de ambiciosos cortesãos, que só tratam de devorar a substancia dos povos, está prestes a desmoronar-se; trabalhemos pois, de comum acordo para consolidar em nossa pátria um governo mais adaptado às nossas circunstancias e necessidades. V. S. bem pode , se quiser, prestar-lhe relevantes serviços, e, nesse caso, o governo não duvida confirmar-lhe seu posto na primeira linha ou na guarda nacional, como mais convenha, conferindo-lhe o comando geral da fronteira e policia deste departamento; mas qualquer que seja sua resolução a esse respeito, desde já pode V. S. viver livremente em qualquer ponto do país ocupado por nossas armas, e seus bens lhe serão devolvidos com a indenização de prejuízos que tenha sofrido.
Sou com estima e consideração de V. S. patr. att. e leal - Bento Gonçalves da Silva "
*O traidor a que se refere, certamente é Bento Manoel. (nota da autora do blog)

Loureiro recusou os honrosos oferecimentos referentes à confirmação do posto e a nomeação de comandante geral da fronteira e policia do departamento de Missões, mas aceitou as garantias de devolução de bens e de acatamento pessoal, que lhe dera o general da república, o que bem define o grau de confiança que nele tinha o coronel imperialista.
De então até 1847, esteve Loureiro completamente tranquilo em seu retiro. Em 18 de maio de 1847, foi nomeado comandante superior da Guarda Nacional da mcomarca de Missões, investidura que exerceu até o dia de seu falecimento, em 3 de março de 1852. ( Homero Batista Almanaque Literário - P.A.1901 - p.226)

MANOEL DOS SANTOS LOUREIRO - CEL.


13. MANOEL DOS SANTOS LOUREIRO - Coronel (F4)
Manoel dos Santos Loureiro (Figura 6), filho de Joaquim dos Santos Loureiro e de Maria Eufrásia Lopes, nasceu a 9 de maio de 1803, em Santo Antônio da Patrulha, de onde seus pais vem estabelecer-se neste municipio de São Francisco de Borja estando entre os primeiros repovoadores. Manoel foi um dos sete primeiros vereadores quando foi criada a Vila de São Francisco de Borja em 1834.

Figura 6. Fotografia do Coronel Manoel dos Santos Loureiro

Durante a revolução de 1935 (Figura 7 e Figura 8), prestou grandes serviços ao Império. Na carreira das armas, chegou ao posto de Coronel. A Legião Missioneira, que agia sob seu comando, esteve sempre na vanguarda a fim de evitar surpresas do inimigo. Os generais que comandavam o exército, não lutavam sem primeiro ouvir a palavra do Coronel Loureiro. Faleceu a 27 de abril de 1852. (Ferreira, 1959)
Segundo Aquiles Porto Alegre (1916): “Às vezes parece que o coronel Loureiro aprendera a combater na mesma escola, de estratégia napoleônica, em que se celebrizara o Barão do Cerro Largo e mais tarde o general Andrade Neves. A luta era o seu elemento, e quando se empenhava nela não esmorecia, não recuava.. O tenente general Manoel Jorge Rodrigues, comandante em chefe do exército, escolhendo um general para confiar-lhe o comando daquela força após sua morte ainda moço e cheio de vida, prestou a mais bela homenagem à memória do herói que desapareceu, deixando um traço luminoso de bravura incomparável.”

COLONIA DO SACRAMENTO

8. COLONIA DO SACRAMENTOFundada em 1680 por Dom Manuel Lobo, a Colônia do Sacramento foi destruída e saqueada oito meses depois (agosto de 1680). Estabelecidas as bases para a entrega da mesma aos Lusos em 1681, somente dois anos mais tarde foram suas ruínas devolvidas ao representante de Portugal. Reconstruída pouco depois, permaneceu possessão lusa até março de 1705, época em que foi novamente destruída pelos espanhóis.De 1705 a 1715, ficou no domínio de Castela (Espanha), até que o Tratado de Ultrech, assinado a 6 de fevereiro de 1715, a restituía a seu primitivo dono. Todavia essa entrega a Portugal somente se efetivou em fins de janeiro de 1717.A primeiro de março de 1717 aportou ao Rio de Janeiro o Sargento mor Antonio Rodrigues Carneiro, trazendo consigo sessenta casais de colonos, destinados a repovoar a praça recentemente entregue. A 10 de fevereiro de 1718 aportam à Colônia.Foram então 47 anos de lutas contínuas e privações, até que a dois de novembro de 1762, após sangrentos conflitos, entrou Dom Pedro de Cevallos, governador de Buenos Aires, na posse da Colônia, onde se conservou até 29 de dezembro de 1763, em que passou novamente para domínio Português.E finalmente a 3 de junho de 1777, foi a Colônia do Sacramento definitivamente entregue à Coroa da Espanha, e, pouco tempo depois, por ordem de Cevallos, totalmente destruída e arrasada.Foram governadores da Praça:· Manoel Lobo (Janeiro a Agosto de 1680);· Duarte Teixeira Chaves (1682 a 1683);· Cristóvão de Ornelas (1683 a 1689);· Dom Francisco Maper de Lencastre (1689 a 1698);· Sebastião da Veiga Cabral;· Antonio Pedro de Vasconcellos (14-03-1722 a 02-02-1749);· Brigadeiro Luiz Garcia de Bivar (02-02-1744 a 16-02-1760);· Brigadeiro Vicente da Silva da Fonseca (05-03-1760 a 02-11-1762);· Tenente Coronel Pedro Soares de Figueiredo Sarmento (29-12-1763 a 25-03-1775);· Coronel Francisco José da Rocha (25-03-1725 a 03-06-1777).Ao ser fundada a Vila de Rio Grande, por Silva Paes em 1737, alguns habitantes da Colonia do Sacramento abandonaram aquela praça para se instalar na Vila recém fundada.Com a tomada da Colonia pelos espanhóis em 1777, terminou a ocupação daquela Praça pelos Portugueses. Os seus habitantes foram levados prisioneiros para Buenos Aires, outros se retiraram para o Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Rio de Janeiro (Rheingantz, 1949)

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

MANUEL FRANCISCO LOUREIRO um dos últimos moradores da Colônia do Sacramento

4. O IMIGRANTE - MANUEL FRANCISCO LOUREIRO Natural da Freguesia de São Pedro de Pedroso, Gaia, Bispado do Porto. Nascido cerca de 1718, faleceu em Viamão a 12-05-1778, filho de Domingos Francisco e de Maria Fernandes. O primeiro documento encontrado de Manoel Francisco é relativo a seu casamento na Colônia do Sacramento a 03-02-1742 com Maria de Araújo, ali nascida, filha de Jorge de Araújo e Teresa da Costa, um dos casais trazidos para reocupar a Colônia em 1718. Maria faleceu na Colônia a 03-03-1745, passando Loureiro para Rio Grande, onde deve ter se casado com Maria Josefa do Espírito Santo, natural da Freguesia de Nossa Senhora do Rosário da Vila das Velas da Ilha de São Jorge (Açores), filha de Pedro Silveira e de Francisca Vieira. Certamente em virtude da invasão de Rio Grande por Cevallos em 1763 quando Rio Grande permanece por 12 anos sob domínio dos espanhóis, Loureiro dirigiu-se para Laguna para finalmente vir para Viamão.
A ESTÂNCIA

Não haveria mais força capaz de destruir aquele foco de resistência. Era o novo lar.Tinham chegado àquelas paragens depois de riscos, sacrifícios e canseiras: com a energia de seus braços, haviam transformado o solo bruto em eitos e lavouras –amansaram o gado bravio que ruminava em torno de seus ranchos – com esforços exaustivos,construiram as suas moradas rústicas, abrigo das esposas resignadas e dos filhos estremecidos. Viviam no isolamento forçado longe da colônia, esquecidos da metrópole, ignorados pelo resto do mundo...
Tentassem agora arrancá-los daqueles pagos e proclamá-los intrusos. Nunca mais recuariam. Aquilo agora era deles. A estância se fizera povo, o povo criara uma pátria, sua inalienável e irredutível.

( Discurso do General Borges Fortes )

COLONIZAÇÃO DO RIO GRANDE DO SUL - CASAIS AÇORIANOS


A primeira vez que encontramos a designação de casais para colonos introduzidos no extremo sul foi a referente à mudança de sessenta casais destinados ao povoamento da Colônia do Sacramento, conforme a carta do rei D. João V ao governador do Rio de Janeiro de 7 de outubro de 1716 " e como para se povoar, e haver nela moradores, que saibam da cultura, foi servido mandar ir sessenta casais da província de Trás os Montes, os quais vão da cidade do Porto, para esse Rio de Janeiro para dele se embarcarem para a Nova Colônia......"
Vieram eles para o Rio de Janeiro onde foram aquartelados na fortaleza de São João, daí embarcando com destino ao Prata...
Além desses setenta casais, encontramos ainda as seguintes informações relativas ao povoamento da Colônia:
A ordem régia de 5 de fevereiro de 1717 mandou pagar o frete dos navios SEREIA e SANTO TOMÁS, pelo transporte de respectivamente trinta e sessenta casais, sementes e materiais da cidade do Porto para a Nova Colônia.
Em 12 de agosto de 1718 outra ordem regia foi expedida mandando pagar ao mesmo navio Santo Thomáz pelo transporte de mais sessenta casais.
E à 12 de julho de 1719, foi autorizado o pagamento à João Corrêa, capitão do navio Nossa Senhora do Rosário, pelo transporte de gente para a Colônia.
A correspondência sobre o assunto, está inserta no X volume das publicações do Arquivo Nacional.(Borges Fortes Os casais Açorianos 1999, p.7-8)
A fundação da Colônia do Santíssimo Sacramento em 20 de janeiro de 1680, na margem norte do Rio da Prata, em frente a Buenos Aires tinha interesse comercial na prata do Sierro de Potosí entre outros, já que o fim da União Ibérica em 1640 proibiu o comércio dos portugueses estabelecidos no Brasil com as províncias da América Espanhola através do porto de Buenos Aires.
Em 1650, Potosí tinha cerca de cento e sessenta mil habitantes,” todo luxo do mundo importado de Flandres, Veneza, Arábia, Índia, Ceilão,e China, incluindo naturalmente, a metrópole espanhola “(Frank,1977,p.81) e muita prata.
Em 8 de dezembro de 1679, partiu de Santos Uma expedição comandada pelo governador do Rio de Janeiro D. Manuel Lobo, para fundar um posto militar à beira do Prata.(Miguel Frederico do Espirito Santo Presença Açoriana p.16-17)
Em 15 de março de 1705, a Colônia é retomada pelos espanhóis.
Após sucessivas tentativas de implantação do empório frustradas pela oposição espanhola, com o segundo Tratado de Ultrech, de 6 de janeiro de 1715, que fez a Colônia retornar ao domínio português em novembro de 1716, o Conselho Ultramarino definiu a política de casais para seu povoamento, para evitar a repetição do malogro e afirmar a soberania lusitana nas margens do Prata.

Dom Miguel de Salcedo, governador de Buenos Aires iniciou novo sítio á Colônia do Sacramento, em outubro de 1735, até setembro de 1737.
O sargento mor de batalha José da Silva Paes foi designado para levar socorro à Colônia sitiada, desalojar os espanhóis de Montevidéu, lá estabelecer uma fortificação, examinar Maldonado, fundar uma Colônia no Rio Grande de São Pedro e levantar uma fortaleza da parte do sul, no sitio que se julgar mais vantajoso(...)
O socorro à Colônia foi inócuo, o ataque a Montevidéu frustrou-se e foi ineficaz a passagem por Maldonado. Restou a última alternativa : Rio Grande de São Pedro.
Em 19 de fevereiro de 1737 foi fundado o presidio do Porto do Rio Grande de São Pedro, na linha de defesa da Colônia do Sacramento.
Guilhermino Cesar dá o ano de 1751 como o da vinda da primeira leva de açorianos para o Rio Grande de São Pedro.
Em 1762, Dom Pedro de Cevallos, general espanhol atacou a Colônia do Sacramento levando-a à capitulação. Em 1763 as tropas de Cevallos ocupam a Vila do Rio Grande.A população se dispersa alguns em direção à Laguna, e campos de Tramandaí e Viamão. Alguns permaneceram nos limites da Fazenda Real do Bojuru, dando origem a São José do Norte, Estreito, Tavares e Mostardas de origem açoriana. Na dispersão pelo continente do Rio Grande, os retirantes estabeleceram-se, também em Santo Antônio da Patrulha, na Capela Grande de Viamão e no Porto dos Casais, que recebiam o afluxo dos que vinham do sul fugindo dos espanhóis bem como dos casais de número que desciam de Santa Catarina, devido ao esgotamento das possibilidades do solo da ilha e das limitações da terra disponível no continente, constrangida entre o mar e a montanha.
A reconquista do Rio Grande com a expulsão dos espanhóis deu-se em abril de 1776.
Em outubro de 1777, foi celebrado o tratado de Santo Ildefonso, entre Dona Maria I de Portugal e Dom Carlos III de Espanha, pelo qual a Colônia do Sacramento era entregue definitivamente à Espanha sem a permuta pelas Missões, que continuaram sob o domínio espanhol. Número significativo dos habitantes da Colônia iniciaram o êxodo para a Capitania do Rio Grande de São Pedro.
Em 2 de março de 1801 o exército de Carlos IV, em aliança com Napoleão Bonaparte, invadiu Portugal. A 6 de junho do mesmo ano, em Badajoz foi firmada uma convençaõ de paz pela qual Portugal entregou Olivença à Espanha.
Os efeitos da declaração de guerra a Portugal, cuja notícia chegou a Vila do Rio Grande após a celebração da paz, foram propícios à Portugal. As Missões foram conquistadas por uma força sob o comando de José Borges do Canto e Manoel dos Santos Pedroso.
Tão logo foi divulgada a conquista das Missões, inúmeras famílias de origem açoriana tomaram o rumo oeste com destino a terra dos Sete Povos.(Miguel Frederico do Espirito santo)

FATOS SOBRE A HISTÓRIA DAS MISSÕES

1626 – O Padre Roque Gonzáles explora por primeira vez o país del Tape .Chega na aldeia de Itaiacecó. Fazia 15 anos que a Companhia de Jesus atuava nessa região então Vice Reinado do Peru com sede na cidade de Córdoba. Quando Padre Roque iniciava a construção da Igrejinha de uma nova redução na área de San Nicolás e Candelária –Mártires do Caaró – foi trucidado por índios por influência do Xamã Nheçu

1632 – No mês de junho, vencida a resistência dos índios foi erguida a Cruz da redução de San Miguel Arcángel, que ficou a cargo do Padre Cristóbal de Mendoza como Vigário.

1634 – O Padre Cristóbal de Mendoza junto com alguns índios vaqueiros, traz cerca de 1500 reses compradas de fazendas de Corrientes que são distribuidas às outras reduções

1635 – O Padre Cristóbal de Mendoza foi trucidado pelos índios Ibiraiaras no rio Piaí

1636-37 – Os bandeirantes de São Paulo atacam as reduções e destroem Sta. Teresa, Jesus Maria , San Joaquim e San Cristóbal. Os padres e os índios partem às pressas para a outra margem do rio Uruguai e o gado fica pelo campo.
Os jesuítas obtém autorização junto ao rei em Madrid, para os índios combaterem à cavalo e usarem armas de fogo (canhões de taquaruçú). Assim puderam os índios por em fuga os bandeirantes na batalha pluvial de Mbororé.

1667 – Descobre-se a Vacaria do Mar – milhares de bois sem dono entre o Jacuí e a Lagoa dos Patos só poderiam ser descendentes dos rebanhos abandonados 30 anos atrás pelos jesuítas. Era uma nova riqueza e aparecem os tropeiros, vaqueiros e coureadores.

1750 – 13 de janeiro – O Tratado de Madrid, entre D. João V de Portugal e D. Fernando VI da Espanha , permuta a Colônia do Sacramento pelos Sete Povos das Missões.

1752 – Gomes Freire de Andrade dá início ao trabalho de demarcação , que foi inviabilizado pela oposição dos Guaranis.

1754 – Guerra Guaranítica

1756 – Batalha de Caiboaté Nessa batalha, portugueses e espanhóis se unem contra os guaranis. Morrem mais de mil índios entre eles Sepé Tiaraju.

1759- A demarcação das terras não avança e Gomes Freire retorna para o Rio de Janeiro.

1761 – Celebrado o tratado de El Pardo entre D. José I, rei de Portugal e D. Carlos III rei da Espanha, sendo anulado o Tratado de Madrid.

1762 – O general espanhol Cevallos ataca a Colônia do Sacramento.

1763 – As tropas de Cevallos tomam o forte de Santa Teresa e ocupam a Vila de Rio Grande.

1763 – O tratado de Paris faz retornar a Colônia do Sacramento ao domínio Português, porém as terras da fronteira do Rio Grande não foram devolvidas.

1764 – Os jesuitas são perseguidos e expulsos.

1776 – Os espanhóis são expulsos de Rio Grande.

1777 – Em 1 de outubro foi assinado o Tratado de Santo Ildefonso, entre D. Maria I de Portugal e D. Carlos III da Espanha, pelo qual a Colônia era entregue definitivamente à Espanha sem a permuta pelas Missões, que continuaram sob o domínio espanhol.

1801 – O exército de Carlos IV da Espanha em aliança com Napoleão Bonaparte invadiu Portugal, e os efeitos da declaração de guerra à Portugal, cuja noticia chegou ao Rio Grande apenas a 15 de junho de 1801, 9 dias após a paz Ter sido negociada em Badajós – foram propícias a Portugal. As Missões foram conquistadas por uma força sob o comando de Borges do Canto e Santos Pedroso. Tão logo foi divulgada a conquista das Missões pelos portugueses, inúmeras famílias de Açorianos seguiram rumo às Missões.


Miguel Frederico do Espirito Santo Açorianos no Sul do Brasil. Da prata de Potosí.....em Presença Açoriana.
Barbosa Lessa São Miguel da Humanidade: Uma proposição antropológica 1984.

domingo, 18 de janeiro de 2009

PARA LEMBRAR TIA FLORA - Caio Fernando Abreu


Eu me lembro: mal apontava novembro, antigamente, eu e meus irmãos ficávamos exaltados feito as pitangueiras que dão frutos nessa época. Era quase hora de o Pai pegar o carro e partirmos em férias para Itaqui, para a casa de Vovó. Isso depois que houve carro na familia (o mais famoso foi o "Morcegão", gigantesco Chevrolet anos 50, tipo filme de gângster). Antes íamos de trem, baldeação em São Borja e vezenquando, pouso na casa de tio Marciano (Ciano), leitor e pescador inveterado, de claros olhos azuis, que morreu cedo demais. Mas isso é outra história.

Nas madrugadas de estrelas tão pálidas que, se você piscasse os olhos, de repente não estavam mais lá, saímos cedinho de Santiago. A viagem: gauderiada braba via Alegrete, atoleiros na chuva, na seca a desértica travessia do Silvestre, muros de pedras com áridos lagartos. Pampa, budismo límpido de 360 graus de horizonte, raros capões no meio do campo, avestruzes, perdizes, preás, quero queros, casas de joão-de-barro nos fios, alvas garças pelos açudes.

Na soalheira, fazíamos piquenique à sombra de algum mato, à beira de claras sangas, toalha xadrez na grama, pão feito em casa, frango, uvas, não sei mais quê. Éramos sete: Pai, Mãe, cinco irmãos - eu, Gringo, Felipe, Márcia e Claúdia, uma escadinha. Todos loucos pelo que estava chegando.

E o que estava chegando era Maçambará, onde viviam Tia Florinha e Tio Altivo, ou mais tarde a fazenda do Espinilho, da Swift, onde tio Altivo trabalhava. Pousávamos ou mateávamos, e seguíamos para Itaqui, e logo ao chegar, Vovô Aparício pegava no colo o mais novo dos irmãos e fazia o clássico batizado da família cantando: "A casaca da mulata foi comprada à prestação/com dinheiro do meu bolso dado de bom coração..." O taquareiro, o poço com o ano de 1886 gravado a prego na pedra, travessias de chalana com Vovó para as compras em Alvear, cidade fantasma, cadeiras na calçada ao anoitecer, a fresca vinda do rio. E o céu imenso, tão estrelado que bastava fixar olho num ponto negro e zás! lá vinha estrela também onde parecia puro negro vazio.

Mais tarde Tia Florinha mudou-se para Itaqui. Trabalhadeira, andava sempre com um pano de prato no ombro, outro de limpeza na mão calejada de lavar, passar, cozinhar, costurar, bordar, arear. Numa época muito pobre chegou a morar em rancho de chão de terra batida. Comentavam com admiração: "O chão da Florinha chega a brilhar de tanto que ela varre!" Fronhas brancas imaculadas, lençóis cheirando a ervas, o terno de linho de meu primo Sérgio, o Dedé, engomado e passado para o Carnaval num ritual de pelo menos uma semana. Bela, a tia Flora, nariz fino, aristocrático, olhos sabidos, sempre rindo. Mas brava, uma famosa veia no longo pescoço (dizem que "das Loureiro do Iguariaçá", estirpe tirana das mulheres da família de minha mãe) que quando latejava... Impunha respeito, até o marido só a tratava por "Dona Flora". Quis estudar, não pôde. Não usava maquiagem, nunca pintou os cabelos. Vaidade alguma, além do sabonete Maderas do Oriente. Fé e fibra, guerreira, ficou anos na cama depois de vários derrames, sem se entregar. Além do Dedé e Joir, grande amigo de minha adolescência, tinha a Nara Claudina, que cuidou dela com amor até o fim.

Pois Tia Florinha, Ana Flora Loureiro Nunes, morreu em Itaqui na madrugada desta segunda de Carnaval, aos 74 anos. Não vai virar nome de rua nem de praça. Valorosa, pertencia àquela raça da Bibiana Cambará do Érico. Por acaso ou escolha, coube a mim receber a notícia. Comecei a chorar, mas logo fui arrumar a cama, fazer café, limpar o jardim, varrer a calçada. Como ela faria. Na branca madrugada, a Oriente vi uma estrela enorme brilhando. Pisquei: já não estava mais lá. Devia ser Cronos-Saturno, o Tempo implacável ascendendo em peixes, signo dela. Ou a própria, quem pode provar que não?


Zero Hora, 4/3/1995

Caio Fernando Loureiro de Abreu nasceu no dia 12 de setembro de 1948, em Santiago (RS). Jovem ainda mudou-se para Porto Alegre onde publicou seus primeiros contos. Cursou Letras na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, depois Artes Dramáticas, mas abandonou ambos para dedicar-se ao trabalho jornalístico no Centro e Sul do país, em revistas como Pop, Nova, Veja e Manchete, foi editor de Leia Livros e colaborou nos jornais Correio do Povo, Zero Hora, O Estado de São Paulo e Folha de São Paulo. No ano de 1968 — em plena ditadura militar — foi perseguido pelo DOPS (Departamento de Ordem Política e Social), tendo se refugiado no sítio da escritora e amiga Hilda Hilst, na periferia de Campinas (SP). Considerado um dos principais contistas do Brasil, sua ficção se desenvolveu acima dos convencionalismos de qualquer ordem, evidenciando uma temática própria, juntamente com uma linguagem fora dos padrões normais.
Bibliografia:
- Inventário do Irremediável, contos. Prêmio Fernando Chinaglia da UBE (União Brasileira de Escritores); Rio Grande do Sul: Movimento, 1970; 2ª ed. Sulina, 1995 (com o título alterado para Inventário do Ir-remediável).- Limite Branco, romance. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura, 1971; 2ª ed. Salamandra, 1984; São Paulo: 3ª ed., Siciliano, 1992.- O Ovo Apunhalado, contos. Rio Grande do Sul: Globo, 1975; Rio de Janeiro: 2ª edição, Salamandra, 1984; São Paulo: 3ª edição, Siciliano, 1992.- Pedras de Calcutá, contos. São Paulo: Alfa-Omega, 1977; 2 ed., Cia. das Letras, 1995.- Morangos Mofados, contos. São Paulo: Brasiliense, 1982; 9 ed. Cia. das Letras, 1995. Reeditado pela Agir - Rio, 2005.- Triângulo das Águas, novelas. Prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro para melhor livro de contos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1983; São Paulo: 2 edição Siciliano, 1993.- As Frangas, novela infanto-juvenil. Medalha Altamente Recomendável Fundação Nacional do Livro Infanto-Juvenil. Rio de Janeiro: Globo, 1988.- Os Dragões não Conhecem o Paraíso, contos. Prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro para melhor livro de contos. São Paulo: Cia. das Letras, 1988.- A Maldição do Vale Negro, peça teatral. Prêmio Molière de Air France para dramaturgia nacional. Rio Grande do Sul: IEL/RS (Instituto Estadual do Livro), 1988.- Onde Andará Dulce Veiga?, romance. Prêmio APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) para romance. São Paulo: Cia. das Letras, 1990.- Bien Loin de Marienbad, novela. Paris, França Arcane 17, 1994.- Ovelhas Negras, contos. Rio Grande do Sul: 2 ed. Sulina, 1995.- Mel & Girassóis (Antologia)- Estranhos Estrangeiros, contos. São Paulo: Cia. das Letras, 1996.- Teatro Completo, 1997
Teatro:
- O Homem e a Mancha- Zona Contaminada
Tradução:
- A Arte da Guerra, de Sun Tzu, 1995 (com Miriam Paglia).