Transcrição da carta de Bento Gonçalves ao Coronel Manoel dos Santos Loureiro, que lhe dava a segurança da devolução de seus bens e do respeito integral de sua pessoa, carta tão honrosa para um como para outro dos dois ilustres chefes rio-grandenses e que dá a medida do critério e do espírito de concórdia do chefe republicano. Ei la:
" Bagé, 29 de abril de 1843 - Ilustre Sr. coronel Manoel dos Santos Loureiro.
Estou informado de que V. S., desgostoso por causa de intrigas promovidas no exército imperial pelo traidor*... trata de buscar um asilo do outro lado do rio Uruguai, e, como presentemente não pode haver segurança, pela guerra civil que assola as províncias argentinas, tomo a liberdade de convidar a V. S. para fixar domicilio neste departamento de Missões, onde pode contar, quando ocupado por forças republicanas, com a maior seguridade e respeito, e onde já lhe garanto, em nome deste governo, a restituição de todos os seus bens e propriedades, bem como a indenização de todos os seus prejuízos que lhe foram infringidos pela república. Bem que V. S. nos tenha feito guerra, foi sempre inimigo honrado; e, por isso, me é em extremo sensível que um patrício nosso, tal como V. S. queira abandonar a pátria para viver em país estranho. O império, agitado pelas intrigas de ambiciosos cortesãos, que só tratam de devorar a substancia dos povos, está prestes a desmoronar-se; trabalhemos pois, de comum acordo para consolidar em nossa pátria um governo mais adaptado às nossas circunstancias e necessidades. V. S. bem pode , se quiser, prestar-lhe relevantes serviços, e, nesse caso, o governo não duvida confirmar-lhe seu posto na primeira linha ou na guarda nacional, como mais convenha, conferindo-lhe o comando geral da fronteira e policia deste departamento; mas qualquer que seja sua resolução a esse respeito, desde já pode V. S. viver livremente em qualquer ponto do país ocupado por nossas armas, e seus bens lhe serão devolvidos com a indenização de prejuízos que tenha sofrido.
Sou com estima e consideração de V. S. patr. att. e leal - Bento Gonçalves da Silva "
*O traidor a que se refere, certamente é Bento Manoel. (nota da autora do blog)
" Bagé, 29 de abril de 1843 - Ilustre Sr. coronel Manoel dos Santos Loureiro.
Estou informado de que V. S., desgostoso por causa de intrigas promovidas no exército imperial pelo traidor*... trata de buscar um asilo do outro lado do rio Uruguai, e, como presentemente não pode haver segurança, pela guerra civil que assola as províncias argentinas, tomo a liberdade de convidar a V. S. para fixar domicilio neste departamento de Missões, onde pode contar, quando ocupado por forças republicanas, com a maior seguridade e respeito, e onde já lhe garanto, em nome deste governo, a restituição de todos os seus bens e propriedades, bem como a indenização de todos os seus prejuízos que lhe foram infringidos pela república. Bem que V. S. nos tenha feito guerra, foi sempre inimigo honrado; e, por isso, me é em extremo sensível que um patrício nosso, tal como V. S. queira abandonar a pátria para viver em país estranho. O império, agitado pelas intrigas de ambiciosos cortesãos, que só tratam de devorar a substancia dos povos, está prestes a desmoronar-se; trabalhemos pois, de comum acordo para consolidar em nossa pátria um governo mais adaptado às nossas circunstancias e necessidades. V. S. bem pode , se quiser, prestar-lhe relevantes serviços, e, nesse caso, o governo não duvida confirmar-lhe seu posto na primeira linha ou na guarda nacional, como mais convenha, conferindo-lhe o comando geral da fronteira e policia deste departamento; mas qualquer que seja sua resolução a esse respeito, desde já pode V. S. viver livremente em qualquer ponto do país ocupado por nossas armas, e seus bens lhe serão devolvidos com a indenização de prejuízos que tenha sofrido.
Sou com estima e consideração de V. S. patr. att. e leal - Bento Gonçalves da Silva "
*O traidor a que se refere, certamente é Bento Manoel. (nota da autora do blog)
Loureiro recusou os honrosos oferecimentos referentes à confirmação do posto e a nomeação de comandante geral da fronteira e policia do departamento de Missões, mas aceitou as garantias de devolução de bens e de acatamento pessoal, que lhe dera o general da república, o que bem define o grau de confiança que nele tinha o coronel imperialista.
De então até 1847, esteve Loureiro completamente tranquilo em seu retiro. Em 18 de maio de 1847, foi nomeado comandante superior da Guarda Nacional da mcomarca de Missões, investidura que exerceu até o dia de seu falecimento, em 3 de março de 1852. ( Homero Batista Almanaque Literário - P.A.1901 - p.226)
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